sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Slow life: vida mais calma, lenta e confortável


Roma, 1986. A rede McDonald’s anuncia a abertura de uma loja perto de Piazza di Spagna. Em protesto, Carlo Petrini lidera um grupo de manifestantes que usam tigelas de penne como armas. Estava dado o primeiro passo para a fundação, pouco tempo depois, do Movimento Internacional Slow Food, contra as redes de fast food e a produção insustentável de alimentos. Comida rápida que custa caro à saúde, ao meio ambiente e à economia local.

Da Itália para o mundo foi um pulo. Não demorou muito para que os adeptos da comida lenta começassem a despontar nos quatro cantos do planeta, em 42 países. Mais ainda: a fama do manifesto deu nova dimensão ao movimento, com mais gente buscando desacelerar não só a alimentação, mas também os deslocamentos (mais caminhadas e menos carros), a produção de bens (consumir menos para preservar mais), as roupas, as casas e até a educação (mais atenção às vivências artísticas e saberes artesanais e menos foco nas conquistas acadêmicas).

Slow Life, em resumo, é isso. Desacelerar para se reconectar a si mesmo, às pessoas e ao lugar em que se vive. Talvez não exista nada mais contracultural hoje em dia do que desacelerar o passo. Sim, porque vivemos na era da velocidade, em que consumir a última geração de eletrônicos, a mais recente moda e a mais nova dieta para emagrecer é uma luta diária sem fim – e sem sentido.

Tudo parece mudar em segundos. O tempo escapa dos nossos dedos e deixa a respiração curta, ofegante. Isso lá é vida boa? Isso lá é “avanço”? Quanto, de fato, essas invenções do tipo mais-do-mesmo melhoraram nossas vidas? Temos mais tempo livre hoje? E o que fazemos com ele? Vamos às compras? Freqüentamos cursos de reciclagem para não perder o emprego?

Será que realmente a felicidade mora na velocidade? Que tal desacelerar? Experimente! Não digo que é fácil. Tento um pouco a cada dia e, confesso, muitas vezes sou engolida pelos compromissos, pelo trânsito infernal, pelo celular, pelo almoço rápido, pela vontade de dar um up grade no computador. Afinal, somos bombardeados 24 horas por dia por mensagens que pedem: compre, consuma, jogue fora, troque, atualize-se.

Talvez a melhor estratégia, no entanto, não seja combater o que está à nossa volta, como um militante deste ou daquele movimento. Lembro-me do que dizia meu professor de kung fu sobre caminhar feito água de rio, desviando-se suavemente das pedras para seguir seu próprio curso. Sem violência, entende?

Se você, assim como eu, está buscando desacelerar o passo para viver mais e melhor, aproveite a experiência de quem já está nesse caminho há mais tempo. Procure ler, pesquisar na internet (veja os links que deixei no fim do texto), conversar com os amigos. Lembra do que escrevi no post Simplicidade Voluntária sobre os Círculos de Simplicidade? Tai um jeito bacana de dividir com outras pessoas os mesmos anseios, dificuldades e conquistas. Há muito para se estudar e, quem sabe, incorporar em nossas vidas. Mas, lembre-se: devagar, sem pressa, sem ansiedade. Um passo de cada vez. Devagar e sempre.

Para saber mais:

Slow Movement: www.slowmovement.com
Slow Food Brasil: http://www.slowfoodbrasil.com/
Slow Food International: http://www.slowfood.com/
Simplicidade Voluntária: http://www.simplicidade.net

Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/gaiatos/109647_post.shtml

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Pois é Karen nada melhor do que ter uma vida tranquila e lenta, mas não demais. Essa tem sido o modelo de vida que tenho levado morando em uma pequena cidade da Bahia. Trabalho em casa no momento produzindo moda para poucos que se identificam com as minhas criações de camisetas e bolsas ecológicas,ando de bicicleta para me exercitar e me locomover, na estrada de barro encontro pássaros e árvores e vejo que pessoas de varias partes do mundo que estão por aqui estão realmente aproveitando o verdadeiro luxo, cada vez mais raro que esta em harmonia com a natureza. Beijo, querida!!!

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  3. Que massa linda, fico feliz de saber que está tudo bem com vc.
    Eu voltei pra Natal, mas em outros processos.
    Bjo enorme pra ti.

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